segunda-feira, 20 de outubro de 2008

DEPRESSIVO
Allison da Silva Ambrósio

É como se uma voz me atormentasse no íntimo
Cobrando as peças, obras, poesias
Que tenho o dever de escrever, falar, cantar

É como se minha alma se revirasse em seus gonzos
Levando-me ao delírio de temer a morte próxima
Que leva consigo os meus dons para sete palmos abaixo

É como se toda a luta empregada não bastasse
Todo o pedido formulado não se escutasse
E o corpo bambeasse entre o real desumano
E a desumanidade do sonho

E nesse burburinho de sons e cores
DE medos e ousadias
Encontro-me muitas vezes só
No abandono de uma mente atormentada

Viro-me de um lado a outro
Busco sentido na imprecisão da vida
Bocejo, espreguiço-me
E volto a dormir o sono da indolência.

sábado, 18 de outubro de 2008

COMEÇANDO CEDO...

Por que sou assim eu não sei
Não sei e nem quero saber
Pois eu não pedi pra viver
E nem mesmo para aprender

Das minhas verdades só sei
E tudo o que quero fazer
Viver e amar até morrer
E só por amor renascer

Encontrar lugar no futuro
Viver um amor só pra mim
Amando me sentir seguro
Pois um grande amor é o meu fim

Das minhas verdades só sei
E tudo o que quero fazer
Viver e amar até morrer
E só por amor renascer

Allison da Silva Ambrósio
(canção composta por mim aos dezesseis anos de idade, que resolveu visitar minha lembrança por esses dias).
DEVANEIO AQUÁTICO


Sabe quando a gente tem muito pra falar e pouca energia para fazê-lo? Acho que foi assim que me senti esses últimos dias. Sei que faz parte do ciclo da vida, essa coisa de você experimentar picos de excitação e porões de angústia. Acordar em uma manhã de chuva, com um brilho radiante de sol nascente em seu rosto, ou então brindar uma manhã de sol com um rosto de velório.

Esses altos e baixos são ótimos para um poeta garimpar suas rimas, disfarçar seus medos, sublimar suas frustrações e ainda assim enlevar espíritos. Mas, nem sempre consigo. Parece que surfo ondas gigantes que me jogam muito fundo, quando quebram ainda no meio do oceano. Nadar em direção à superfície fica às vezes muito difícil. O corpo dói, menos pelas braçadas salvadoras, mais pela queda da crista da onda.

E assim o processo fica enfadonho. Tanto a onda quanto o enorme buraco onde ela me joga depois. Isso cansa. Dá vontade de ficar boiando na superfície, esperando uma marola piedosa que, sem muito alarde, sem movimentos muito bruscos me acalente, tranqüilize e me desloque suavemente em direção à praia. Que não me cobre esforços ou contrapartidas. Que me leve como uma mão suave que vela o sono infantil.

Então eu sonho com uma prancha colorida, enorme, segura, que me permite estar por cima, manter o controle até o fim, até a areia. Ou então com um escafandro formidável, espaçoso, pleno de oxigênio, que me permite avaliar corretamente o mais profundo abismo onde estou a fim de contemplar as belezas que também ali podem ser encontradas. Os peixes multicores de diversas formas e tamanhos, a flora marítima tão misteriosa e exclusiva. Até me aperceber que qualquer lugar pode ser bom, desde que tenhamos o equipamento certo.

Talvez seja isso. Talvez eu esteja querendo correr na areia vestido com um escafandro e surfar no fundo do oceano. Difícil de entender? Imagine de explicar...
Allison da Silva Ambrósio