sábado, 29 de agosto de 2009

domingo, 9 de agosto de 2009

SEMPRE A FRENTE... E ASSOBIANDO!

Hoje é comemorado o dia dos pais. Acordei com saudade do meu. Não que ele esteja tão longe que não possa contatá-lo. Nem porque tenha morrido ou desaparecido da minha vida de forma inexorável. É um movimento de dentro para fora. Mais meu que dele. Uma necessidade urgente de me sentir filho, pertencente a uma raiz primeira, conectado a uma genealogia sobre a qual não tenho muito conhecimento.

Aliás, me dei conta de que nos últimos tempos tenho me dedicado a criticá-lo mais que apreciá-lo. Tal comportamento me constrange ao ser percebido. A mudança do meu modo de pensar, talvez se deva ao tempo que passa inflexível por todas as gentes, eu incluído. Depois de certo tempo, algumas suscetibilidades feridas tornam-se tão irrelevantes que chegam a nos fazer corar, envergonhados pela energia despendida em tão pouca coisa. Até mesmo porque, antes, eu não tinha alguns detalhes, algumas informações somente possíveis com o passar do tempo, de quão dificil é ser homem, pai de família, espécime desejante da vasta fauna humana.

Uma pergunta: por que somos tão condescendentes com os erros dos outros e, ao mesmo tempo, tão inflexíveis com o das pessoas próximas a nós? Por que o afastamento daquele amigo da mulher e filhos passa por você com mais facilidade, que a saída do seu pai de debaixo do velho teto familiar? Quando aocnteceu a separação dos meus pais, foi uma dor que senti tão funda em meu coração, que não compartilhei com ninguém. Vivi essa dor sozinho, até percebê-la fraca o suficiente para retomar minha própria vida de onde parei. Dói, eu sei, mas, por que em nossas mentes outros podem e ele não? A partir do resultado, sou capaz de arriscar que ambos, meu pai e minha mãe estão melhores – ou menos mal – que quando estavam vivendo juntos.

Depois, tive que me inserir nessa contabilidade da vida. Após descobrir que não era “a ultima coca-cola do deserto” como eu pensava, ficou mais fácil perceber que todos nós falhamos, principalmente nas expectativas que os outros tinham a nosso respeito. Essa foi uma lição recente. Pelo menos organizada dessa forma. Veio de um amigo dentista. Ele me disse no meio de uma conversa descontraída que tivemos: “Aprendi a não alimentar expectativas sobre ninguém. Primeiro, porque sei que, da mesma maneira com que os outros traem as minhas expectativas sobre eles, eu também devo estar traindo as expectativas dos outros sobre mim. Depois porque, invariavelmente, eu crio expectativas a respeito dos outros que nada tem a ver com eles, e sim com a construção pessoal que faço sobre eles”.
Será que não foi isso? Será que não criei uma expectativa sobre meu velho, muito maior do que ele poderia ser ou parecer para mim? E quem, for God sake, me deu a autoridade de reger as pessoas de acordo com o que espero delas? Se a recíproca fosse verdadeira, onde estarei eu após tantas condenações que receberia? Foi quando descobri que, ao invés de ele me procurar, eu é que deveria ir em sua direção, pedindo perdão por tanto tempo perdido em minhas condenações interiores. Decidi pensar em meu pai, não pelas lentes escuras das decepções, críticas e reprovações, como sempre tenho feito nos últimos anos.
Até porque, quando ajo assim somente eu fico pesado, triste e empobrecido. Pesado, porque decidi carregar comigo, justamente aquelas lembranças que me afligiam o coração, me constrangiam e incitavam os meus piores sentimentos. Triste, porque tais sensações nunca são de felicidade ou prazer, o contrário de tudo o que desejamos pensar sobre quem amamos. Empobrecido, porque tantas lembranças agradáveis são colocadas nos porões da minha memória, não me permitindo curti-las e revisitá-las com a freqüência de quem deseja avivá-las no coração.
Mudei de estratégia em relação as minhas memórias. Vou selecionar aquilo que realmente me faz bem, inclusive sobre meu pai. Desde que decidi assim, coisas pitorescas, emocionantes ou engraçadas surgiram como que por encanto, aos borbotões, numa enxurrada deliciosa de lembranças felizes. Piadas, fatos engraçados, momentos de pura emoção e fascínio. Vi meu pai com todas as cores de sua alegria. Aqueles dentes enormes e brancos, geralmente expostos mesmo diante das adversidades mais agudas surgiram em minha mente. Sua forma metódica até de nos punir por alguma travessura, além de coisas absolutamente insólitas, como me fantasiar de “irmã de caridade” para dirigir o carro à noite, enquanto ele dormia cansado.
Se esse era o objetivo, não sei. Só sei que, quando ele colocou aquele lençol branco em minha cabeça foi assim que me senti. Eu tinha dezesseis anos de idade quando aconteceu. Voltávamos da aula. Ele fazia direito no CEUB em Brasília, enquanto eu fazia ensino médio no Gisno, na mesma avenida. Ele saia da aula, passava pelo meu colégio e íamos em direção a Via Estrutural, recém inaugurada, que nos fazia economizar pelo menos uns vinte quilômetros no regresso para casa, em Taguatinga Norte. Ele sempre estava cansado, doido para que eu dirigisse, para que pudesse cochilar durante o trajeto.
Mas, a lembrança mais pitoresca que me veio sobre meu pai, foi um retorno para casa num domingo à noite. Morávamos no acampamento da Telebrasília, no final da avenida L-2 Sul. Descíamos na ultima parada da avenida e precisávamos caminhar pelo “caminhozinho”, como o chamávamos, até chegar ao destino. Meu pai, como que desafiando a escuridão a frente saía com a Elienai, minha irmã caçula no braço e toda família vinha atrás, em fila indiana. O caminho era cercado de mata densa. Pouco mais que um metro a frente era o que conseguíamos enxergar. Assim, meu pai ia assobiando e dançando de um lado para o outro. Seguíamos na mesma toada, dançando e cantando, como uma típica família africana:
O caminho é estreitinho
Mas eu sempre seguirei
Sempre seguirei, sempre seguirei
O caminho é estreitinho
Mas eu sempre seguirei
Seguirei as pisadas do meu Rei

Sempre a frente... Mal sabia eu que esse seria o estilo de ser do meu pai durante toda sua vida. Nunca vi ninguém se levantar tão rápido, depois de sofrer uma queda brusca na caminhada. Não me lembro de ninguém com uma esperança tão aguçada, um entusiasmo tão juvenil, ingênuo até, devido a intensidade com que se manifestava. Grande parte dos projetos de meu pai não foram avan te, não deram certo por uma infinidade de razões. Mas, ele sempre seguia avante, sempre avançava com a energia de quem estivesse começando naquele exato momento. Essa foi uma das muitas lembranças que me embalam os pensamentos nesse dia dos pais. Essa é a maneira que pretendo sempre pensar nele. No caminhozinho da vida, na escuridão enigmática da estrada, porém assobiando... e seguindo... sempre a frente!

terça-feira, 7 de julho de 2009

TODO LOUVOR!

Essa canção eu compus há muitos anos. Algo em torno de vinte e cinco anos atrás. Mas, como vocês podem ver continua absolutamente atual. A natureza continua linda, Deus continua digno de louvor e eu continuo satisfeito com a vida! Apreciem sem moderação!

(Produzido por Kalyna Brizuela. Filmado na Lagoa da Conceição, um dos mais bonitos cartões-postais de Florianópolis -SC)

O Rato Roeu a Roupa do Rei de Roma,

pois seus súditos
já estavam nus,
nada mais havia para se roer...
DEVANEANDO...

Às vezes entro em crise comigo mesmo. Não sei se estou sendo firme o bastante ou medroso o suficiente para celebrar a minha condição de humano, limitado e assustado com a vida, tanto quanto qualquer um. Acho angustiante ser certinho o tempo todo, controlando o que me habita, que nem chega perto disso. É ruim desempenhar papéis que não são meus, que não me cabem, a não ser que eu subjugue totalmente o que gostaria de fazer.

Dá vontade de puxar a corda do bonde, fazendo suas rodas soltarem faíscas na frenagem repentina. Enquanto todos no vagão se reequilibravam zonzos, em suas primeiras cenas de retorno me veriam descer da composição, ladeira abaixo – ou acima – em direção aos meus sonhos, enfartados por uma porção de coisas que não pedi para que me responsabilizassem.

Vejo o tempo escapando por entre os meus dedos e isso me abate a alma. Ergo-me da cama assustado: ‘meu Deus, mais um dia se passou, colocando-me a menos um do meu fim. Quem irá cuidar da minha poesia? Quem vai cantar minhas canções quando eu me for? Quem vai traduzir corretamente tudo o que significou esse saco de ossos, nervos e veias que atendia pelo meu nome quando chamado?’

Uma faísca de esperança nasce teimosa, lá no último cômodo da minha alma. Um vento qualquer e travesso pode apagá-la, tão frágil e delicada é sua chama. Não me provoquem! Posso apertá-la entre os dedos, sentindo a dor derradeira de sua queimadura quase insignificante. Depois, ergo-me e vou por aí... Procurando alguma poesia, escondida num canto qualquer e esperando por alguém tão desatento quanto eu, que nela esbarre sem querer...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O SONHO DA CAMILE

Eram mais ou menos seis e meia da manhã. Eu estava acordado, ainda deitado e pensativo quanto aos movimentos daquele dia. De repente, ouço uma risada frouxa, gostosa, que vinha do colchão da Camile que dormia em nosso quarto. Minha cunhada estava passando férias com a gente e precisaria ficar em seu quarto com o bebê pequeno.

Fiquei intrigado com o riso da garota. Parecia estar tendo um sonho tão gostoso e engraçado, que sua mente interveio em seu corpinho, a ponto de fazê-la ultrapassar os limites e criar ruído. Aliás, é por causa de ruídos assim que nós os pais nos esforçamos todos os dias. Foi tão bom pensar que minha guria está tendo bons sonhos, sonhos engraçados, completamente diferentes daqueles que fazem as crianças acordarem aos prantos e gritando pela mãe.

Foi um sonho de um coração em paz. Que inveja...

terça-feira, 30 de junho de 2009

PIETÁ

Vê se descansa menino
Sua jornada muito longa é
Vai alterar o destino
De milhões que se porão de pé
Vai revelar o caminho
Àquele que se perdeu
Mas, por enquanto quem cuida de você sou eu!

Eu vejo através das eras
Muita gente a se transformar
Vejo famílias inteiras
Se ajoelhando para o adorar
Você será o remédio
Do mal que retrocedeu
Mas, por enquanto quem cuida de você sou eu!

Serão países inteiros se curvando ante o seu nome
E as suas santas palavras saciando a fome
Fome de amor e justiça
Fome de pão e de luz
E preciosas conquistas em o nome de Jesus!

Mas, também sei o motivo
De você nascer nesse lugar
Foi pra sofrer o castigo
Que ninguém podia suportar...

Eu vejo sangue jorrando...
Ouço gemidos de dor...
A sua vida escapando... Se esvaindo por amor...

Não vejo meu filho ali...
Vejo o Cordeiro de Deus!
Sendo imolado e, assim
Me abrindo as portas do céu

E para onde eu irei
Com toda a minha aflição?
Vendo o suplício de um rei
Sofrendo como um ladrão...

Vê se descansa menino
Sua jornada muito longa é
Vai alterar meu destino
E o de milhões que se porão de pé

Vencendo a morte e o pecado
Seu reino não terá fim
Mas, nesse dia é você
QUEM VAI CUIDAR DE MIM!


Letra da canção de Maria, quando do nascimento de Jesus. É a canção que encerra o primeiro Ato do musical “ Maria, mãe de Jesus”. Pra vocês sonharem um pouco comigo...