domingo, 15 de junho de 2008

UM ÍMPETO DE AMOR
Allison S. Ambrósio

Uma das coisas que mais enternecem meu coração, ao pensar no meu tempo de menino é a lembrança da minha mãe, Essy da Silva, declamando alguma poesia de um dos seus autores favoritos. Mário Barreto França, Mirthes Matias, Giógia Júnior dentre outros, foram nomes bastante familiares para mim, devido a introdução formal de minha mãe, no início da sua arte: “De Mário Barreto França, A Dádiva de Maggi”; ou “De Mário Barreto França, Gesto Heróico”. E começava.

“Gesto Heróico” era a história de um garoto pobre que conseguira estudar em um colégio muito rigoroso que, ao descobrir que ele havia roubado o lanche de um colega devido a fome terrível que sofria, foi condenado a receber vinte varadas nas costas. O próprio garoto que teve o lanche furtado se dispôs a receber o castigo em seu lugar. Quase em todas as vezes, eu chorava no final da declamação.

Mário Barreto França era o número um para minha mãe, já que a maioria das poesias que ela declamava eram dele, fosse em uma cerimônia religiosa ou aniversário de alguém. E uma de suas poesias que muito me comove é “Quem Foi Que Me Beijou?”. É a história de uma mulher desclassificada, sem família e sem lar, que fora presa e recolhida à cadeia da cidade.

No momento em que chegou ali, havia uma missionária, dessas que visitam hospitais e presídios para levar algum conforto aos doentes ou presos. Ao ver a mulher suja e maltratada, com os cabelos desgrenhados e fétidos, sendo quase arrastada pelos guardas que a prenderam, o seu coração se encheu de compaixão e amor.

Num ímpeto repentino, em meio à confusão e gritos da mulher que estava sendo presa, a missionária conseguiu chegar perto dela, a ponto de dar-lhe um beijo rápido e afetuoso no rosto. Imediatamente a mulher parou de gritar, com os olhos arregalados e uma aparência de quem vira um fantasma e começou a perguntar: quem foi que me beijou? Quem foi que me beijou?

Claro que os soldados riem dela, dizendo que só poderia estar ficando louca com tal impressão. Ninguém sequer olharia em sua direção, quanto mais beija-la. A despeito da maldade dos guardas ela continuou a perguntar: quem foi que me beijou? Quem foi que me beijou?

No outro dia a missionária volta à cadeia, para as visitas costumeiras e, ao encontrar a mulher, agora penteada, vestida e calma revela ter sido ela a autora do beijo redentor. É linda a história e o desfecho melhor ainda. Agradeço aos céus pela mãe que tenho. Sua leveza de interpretação e graça de gestos brindou minha alma com cenas tão lindas da vida.

Mas, aquela missionária também influenciou muito a minha vida. Acho, inclusive, oportuno dizer que a história é verdadeira. Fico sempre pensando nesses carinhos gratuitos, nesses rompantes de afeto que temos a capacidade de expressar. Hoje mesmo, ao me lembrar de uma amiga distante, dei-lhe um telefonema. Quando atendeu, eu somente cantarolei: “I just call to say I love you”.

Ela chorou de emoção, atribuindo meu gesto a um gesto carinhoso de Deus em sua direção. Já pensou? Eu me tornei, de repente, um instrumento divino para aquela mulher! Foi quando me lembrei que ontem um amigo meu havia me ligado também. “Eu só liguei pra dizer oi”, ele disse e isto me fez tão bem...

Pois é. Está dito. Que tal fazermos o mesmo, quantas vezes sentirmos vontade? Por que, ao invés de ligar para dizer coisas ruins, não aprendemos a expressar nosso carinho, nosso amor assim, gratuitamente aos outros?

Notícia ruim não precisa de incentivo. Parece que temos um prazer mórbido de ser os portadores das más novas. Eu hein? Credo! Quero ser bênção, ser cura; não uma voz agourenta que faz as pessoas ficarem mais para baixo do que estavam antes de eu chegar. É gostoso sentir que você foi útil, foi adequado, foi companheiro para alguém. Assim como bendigo as pessoas que têm sido um bálsamo em minha vida, quero retribuir à vida, todas as graças que me concedeu. Como diria Mercedez Soza: “Gracias a la vida que me há dado tanto”. É isso aí.

19 comentários:

Pilates Mania disse...

Amei isso!!!!! Vc é incrível!
Essa sensibilidade me constrange, assim como o amor de Deus.
Beijos

Allison Ambrosio disse...

E é tão fácil de se fazer, não é mesmo? Por que será que não nos dedicamos mais? Mas, obrigado mesmo assim!

Anônimo disse...

Pajé, eu faço isso sempre.
É muito bom mesmo, tanto pra quem demonstra o carinho quanto pra quem recebe a demonstração, né?
Bjim

P.S.: Eita que tu fica um tempão sem escrever aí quando volta num deixa nem a gente respirar! Aff...

Wendel Cavalcante disse...

"Carinhos gratuitos" e "rompantes de afeto"! Gosto disso! hehehhehe!!
Você voltou com inspiração total!
Um grande abraço Allison!

Isabelly disse...

Quanta sensibilidade, vc realmente escreve e compõe com o coração...Admiro e amo vc demais,meu pastor do coração!!!

Isabelly(Uma Cearence cheia de saudade)

Anônimo disse...

Olá pastor, tudo bem?
depois desse texto, só tenho que te agradecer pelos momentos de conselhos, na sede, lembra? Obrigada, por ter me incentivado a continuar, nessa caminhada (rsrs)
Você é muito especial pra mim.
Que Deus abençoe mais e mais, você e sua família.

Pilates Mania disse...

Aos amigos do Allison:

Para quem sente saudade dessa voz impar, sugiro assistir:

http://br.youtube.com/watch?v=ZsDTffO3mXk

Ao Allison:
Uma homanagem pelo seu carinho.

Pilates Mania disse...

Para matar a saudade:

http://br.youtube.com/watch?v=ZsDTffO3mXk


Aceite como retribuição ao seu carinho e de sua familia.

Anônimo disse...

Ai, Jeusa. Morri agora!
Obrigada.
Adriana

Wendel Cavalcante disse...

Jesua...
Valeu pela dica!
Abração!

Wendel Cavalcante disse...

FELIZ DIA DO AMIGO, Allison!
Abração!

Só pensando um pouco disse...

Só escrevi pra dizer que admiro vc. Bjão.

Andrea Araujo disse...

Allison, parabéns pelo seu blog! Está muito bacana!
Não dei retorno sobre o livro. Desculpa. Correria demais! Podemos conversar pelo msn ou manda um email monnerat.andrea@gmail.com. Falei com o Guabiras (ilustrador do jornal) e ele ficou super empolgado. Bjos

Anônimo disse...

Prezado Pr Alison;

Depois de muito pesquisar na Net encontrei um jeito de dizer o quanto o CD "Calma ...meu coração" fez diferença na minha vida e da minha esposa. Estive em Fortal, acho que quase 10 anos(?)atrás e através de um amigo que conheci no mercado(?), de nome Zé Maria, ele tem uma loja de suco. Através dele conheci o Templo da Igreja Betesda e ele me apresentou o CD. Show de Bola. Você tem outros CDs? Como posso adquirir?
Meu Email: pr_mauro_silva@globo.com
Um Grande abraço.
Que o SENHOR te abençoe e te guarde. Shalom!

Pilates Mania disse...

E ai? Parou porquê? Porque parou?
Saudade

Bá Reis disse...

Uééééééé??? Será que é p/ sempre essa pausa??
E nós? Como ficamos sem suas reflexões?

beijos e saudades

Anônimo disse...

Oi Alison,
Hoje tive a curiosidade de saber como anda a betesda central e pesquisando na net encontro essa maravilha de blog, adorei e vou visitá-lo sempre
Tive a oportunidade de ver sua mãe declamar e ela e realmente uma benção, quanta sensibilidade e que memória hem!!!
Abraço

Unknown disse...

Olá, pr. Alisson!

Gostaria de saber como adquirir um CD seu que contenha a música "Maranata". Essa música é perfeita! Procurei em algumas lojas de Fortaleza e não encontrei.Ficaria muito grata de receber algum retorno.
susanasimoes19@hotmail.com
Que a Graça do Senhor seja resplandecente sobre sua vida!

Unknown disse...

nem posso comentar,mas preciso da copia quem foi que me beijou,mãos marcadas,e so preciso de amor,e ñ consigo encontrar