sábado, 5 de abril de 2008

A ÚLTIMA UTOPIA

Cidadãos, já imaginaram o futuro? As ruas das cidades inundadas de luz, ramos verdes à soleira das portas, as nações irmãs, os homens justos, os velhinhos abençoando as crianças, o passado amando o presente, os pensadores em plena liberdade os crentes em plena igualdade, o céu por religião, Deus Sacerdote direto, a consciência humana transformada em altar, não mais ódios, a fraternidade entre a escola e a oficina, por penalidade e por recompensa a notoriedade, trabalho para todos, paz para todos, direito para todos, não mais sangue derramado, não mais guerras, as mães felizes!

Domar a matéria, eis o primeiro passo; realizar o ideal, eis o segundo. Reflitam sobre o que o progresso já fez. Outrora, as primeiras raças humanas viam com terror passar-lhes diante dos olhos a hidra que soprava sobre as águas, o dragão que vomitava fogo, o grifo, monstro do ar com asas de águia e garras de tigre; animais assustadores e superiores ao homem. Este, contudo, armou-lhes laços, os laços sagrados da inteligência, e acabou por dominar os monstros.

Dominamos a hidra, agora chama-se vapor; dominamos o dragão, agora chama-se locomotiva; estamos prestes a dominar o grifo, já o temos em nosso poder, agora chama-se balão. No dia em que essa obra digna de Prometeu estiver terminada, quando o homem tiver atrelado definitivamente à própria vontade a tríplice quimera da Antiguidade, a hidra, o dragão e o grifo, ele será senhor da água, do fogo e do ar, e será para o resto da criação dotada de alma o que os antigos deuses foram outrora para ele. Coragem e avante!

Cidadãos, para onde iremos? Para a ciência transformada em governo, para a força das coisas transformada na única força acessível a todos, para a lei natural recebendo sanção e penalidade em si mesma e promulgando-se pela evidência, para uma aurora de verdade que corresponde à aurora do dia. Caminhamos para a união dos povos, para a unidade do gênero humano. Chega de ficções e de parasitas. O real governado pela verdade, eis o nosso objetivo.

Parte do discurso de Enjolras, personagem do livro “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, pouco antes de morrer pela instalação da República Francesa.

Um comentário:

Wendel Cavalcante disse...

Eita!!!
Agora vc me fez lembrar dos inflamados debates no curso de história (olha como era o nome do Centro Acadêmico: Caldeirão! heheheh!!!!) e dos encontros nacionais e regionais da Federação do Movimento Estudantil de História!
Meu Amigo, Floripa está te fazendo muito bem! heheheheh!!!!
Um grande abraço, Allison!