quarta-feira, 12 de março de 2008

O GRILO

Aprendi ainda menino essa poesia do Gioia Júnior. Até hoje me enternece. Quero dividi-la com você!

Numa noite clara, de lua redonda
Como um queijo branco no prato do céu
Do meio do mato uma voz ouvi
Que falava sempre:
Cri, cri, cri,cri,cri...

Estava sozinho, sem nenhum amigo
Com quem conversasse, então decidi:
Com o grilo alegre vou travar conversa
Ei grilo, não temas que eu não sou de briga
Creste no que eu disse?
E o grilo do escuro respondeu na hora, como se entendesse:
Cri, cri, cri, cri...

Fiquei muito alegre!
Ele me entendia e me respondia com satisfação
Pus-me a contar fatos que o deixaram quieto
Prestando atenção

Uma vez, amigo, veio ao mundo um homem
Muito meigo e puro, libertando a todos, saciando pobres
Homem tão bondoso como igual não vi
Creste no que eu disse?
Respondeu-me o grilo como se entendesse:
Cri, cri, cri, cri...

Pois o tal profeta (ele era profeta) dedicado e amigo
Recebeu dos homens o pior castigo que já conheci
Numa cruz pesada foi crucificado
Suas mãos sangraram rasgadas, feridas
Sua fronte clara foi lavada em sangue
Padeceu torturas como nunca vi
Creste no que eu disse?
Respondeu-me o grilo como se entendesse:
Cri... cri... cri... cri...

Mas, um dia, um belo dia de domingo
Esse homem puro que nenhum pecado no mundo provou
Rompeu as barreiras da morte gelada
E ressuscitou!
Seu corpo na pedra do frio sepulcro
Ninguém mais achou
Bom... Já se faz tarde. Vou dormir amigo
Mas... Ó? Companheiro? Tu creste de fato no que eu disse aqui?
Respondeu-me o grilo, como se entendesse:
CRI! CRI! CRI! CRI! CRI!

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